Contra Luz

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Deixo o ombro solto Pros encontros dessa vida Desamarro um corpo que tá preso na avenida Ferro cospe fogo De peneira sem anzol Já não bate Sol, aqui já não bate Sol Por cima de que? Por cima de quem? Não pode ser que seja sempre assim Na cidade se chove é choro E o dia começa com tudo de novo Desencargo e morro Mas eu volto na segunda Junto do esporro, do mal trato e da bagunça Hoje eu quero ver em cada sopa uma mosca Nem mais uma gota Eu digo, nem mais uma gota Tem medo de que? Tem medo de quem? Não pode ver que isso tá ruim? E a gente se perde no jogo No cheiro de podre, de velho e mofo Está tão claro E quem se importa? Em movimento Esbarro e me machuco Assim escrevo Porque que sei que sinto muito A vista cansa E eu rumo contra luz Há quem reclame Disfarça e anda Se desconta de si