Despirocar

Apanhador Só - 2013
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Faz tempo eu tô com azia Durmo mal, tenho alergia Quando acordo, nem bom dia E a ducha fria ainda me dói Em atraso permanente Escolho a roupa, escovo os dentes Abro a porta da frente e a luz do dia me corrói Então eu me pergunto Quando sobra algum segundo em que eu reflito sobre o mundo Se funciona e coisa e tal Concluo que tá preta a situação, pra lá de azeda O leite que ainda sai da teta nem sequer é integral Desesperado eu penso em gargalhar Mas decido respeitar a minha dor Talvez seja melhor despirocar De vez, talvez, de vez Talvez, de vez No bus eu subo afoito, engolindo algum biscoito Acotovelo logo uns oito, eu tô cansado e vô sentar Depois do chacoalhaço, tô no trampo E um palhaço mesmo me vendo um bagaço Já começa a me ordenhar Digito, atendo o fone, meio dia eu sinto fome Me levanto sem meu nome e vou pra fila do buffet Depois de dois cigarros, acomodo o meu pigarro Me reponho de bom grado e termino o afazer Desesperado eu penso em gargalhar Mas decido respeitar a minha dor Talvez seja melhor despirocar De vez, talvez, de vez Talvez, de vez Talvez seja melhor despirocar De vez, talvez seja melhor Despirocar de vez Talvez, talvez Cansado eu chego em casa, o Willian Bonner me afaga Me contando alguma fábula de algo que ocorreu Requento qualquer rango, cambaleio até o meu canto Ainda nem fechei o tampo e o meu corpo adormeceu Desesperado eu penso em gargalhar Mas decido respeitar a minha dor Talvez seja melhor despirocar De vez, talvez, de vez De vez, talvez